I'm Winston Wolfe. I solve problems.

sexta-feira, setembro 28, 2007

Problemas - parte II



    Duvido que exista profissão mais paternalista que jornalismo. Talvez o funcionalismo público, essa praga entranhada historicamente nas nossas costas e que serve apenas para dar emprego a gente que, por mérito, nem mãe deveria ter. Mas isso é outro escalão e vou falar do que conheço. Sim, o jornalismo, pelo menos o praticado no interior, ainda funciona de maneira estranhamente burra. Ele premia as maçãs podres enquanto pune aquelas que fazem as melhores saladas de frutas.



    Mas antes, um aparte: você sabe o que é um pescoço?


    Em jornalismo, pescoço - ou pescoção - é como chamamos o expediente de fechar duas edições num mesmo dia. Normalmente ele acontece de sexta-feira ou vésperas de feriados. Isso significa ficar revisando textos, escolhendo fotos, pensando em páginas e orientando diagramadores madrugada adentro. Enquanto todo mundo está na esbórnia, o editor de pescoço está - perdoem o trocadilho - até o pescoço de trabalho (para não usar um termo chulo). Eu sou editor de pescoço. E toda sexta-feira desço até o mais profundo dos infernos editando reportagens que muitas vezes são simplesmente inacreditáveis - no pior sentido do termo. E isso me faz pensar justamente na primeira frase deste texto. Jornalismo é a profissão mais paternalista do mundo.


    Não vou entrar no mérito da empresa, que deveria investir o necessário para me poupar da excursão semanal às profundezas da Terra. Se você é repórter - ou editor - deve fazer seu trabalho direito independente da estrutura que disponha. E ponto final. O problema é que, fazendo ou não seu trabalho direito, no final do mês está lá, na sua conta, alguns pares de digitos positivos. É aí que está a merda toda. É aí que reside o motivo do meu papo com o capeta toda sexta-feira.


    Não importa se o cara faz ou não um bom trabalho. Ele ganha do mesmo jeito. Tanto faz ele trazer uma manchete arrasadora ou um release meia-boca sobre a quermesse do bairro. O salário é o mesmo, o que é, no mínimo, desestimulante para quem pertence ao primeiro grupo. Não entendo o que faz alguém passar oito horas por dia dentro de uma redação para, no final, entregar textos chatos, mal apurados, com informações desencontradas ou cheios de erros de português. Fica em casa, pombas!


    E como sou editor, penso logo numa solução. E a única que encontro é pagar apenas por matéria publicada. Pura e simplesmente. Jornal algum vai deixar de publicar uma boa reportagem. Logo, quem faz seu trabalho direito nunca ficará sem dinheiro. Ao contrário de quem só produz bobagem, é desleixado, preguiçoso ou ruim de serviço. Os bons, ficam. Os ruins, vão procurar outra coisa pra fazer. Pura e simplesmente.


    E digo isso por conhecer muito bem os dois lados da moeda. Admito sem constrangimento que deveria ter ficado sem a cervejinha do final de semana em alguns momentos da minha curta vida profissional. Momentos que não me esforcei o suficiente para fazer um bom trabalho e empurrei com a barriga porque sabia que, lá na frente, haveria alguém para segurar minha bronca (um editor, vejam só, ironia das ironias) e veria meu salário intacto pingar na conta. Fácil, né? Chego, agora, a pensar que se tivessem cortado minha ração, eu talvez fosse um profissional melhor hoje.


    Trocando em miúdos, é preciso fazer jus ao pouco que ganham - que ainda é mais do que muitos merecem.

      terça-feira, setembro 25, 2007

      Nossos ídolos não são mais os mesmos


        E pensar que pagar peitinho já foi um escândalo...

        Meg White (ou não) mandando ver e Vanessa Hudgens se perfazendo.

        De repente, isso me faz pensar em algumas fotos que foram tiradas durante uma certa festa de fim de ano...

      segunda-feira, setembro 24, 2007

      Coleguinha falando de coleguinha



        Richard Dawkins resenhando o novo livro de Christopher Hitchens. No Mais! de ontem.

        Só para assinantes. Pobres assinantes...

      quarta-feira, setembro 19, 2007

      Partido Verde


      Alicia Silverstone’s Sexy Veggie PSA
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      terça-feira, setembro 18, 2007

      Engajamento

      Yes, nós queremos blogueiras peladas!

      Luiza Gomes do Eu Capricho! (atenção para com quem a revista vai falar de sexo)


      Dani Koetz do Ah! Tri Né! (sim, isso é uma montagem...)



      Marina Santa Helena do Chiqueiro Chique



      Manda um e-mail pros caras e peça pelo número! playboy.atleitor@abril.com.br

      segunda-feira, setembro 10, 2007

      sexta-feira, setembro 07, 2007

      In Lego We Trust

      Esqueça Sagan, Dawkins, Hitchens, o Galvão e até o Bia.

      Isso aqui, sim, é heresia da boa!


      Memória de quem fica


        Quando eu era pequeno, vivia escutando que “o brasileiro é um povo sem memória”. E passei a acreditar nisso quando desenvolvi uma capacidade imensa de simplesmente não lembrar de muita coisa que não deveria esquecer. Mas sempre me virei bem, escrevendo recados nas costas das mãos. O problema é quando certas lembranças (defuntos?) são revividas sem mais nem menos. E na música brasileira, isso tem acontecido com mais freqüência do que deveria.

        No final do mês passado, a atriz Patrícia Pillar produziu um show do cantor Waldick Soriano que deu origem a um CD e um DVD. Para o próximo ano, a mulher do Ciro Gomes promete um documentário sobre o sujeito. Agora pare e releia o trecho anterior e me responda: qual a importância disso? Quem, por Deus, dá a mínima para Waldick Soriano? O que ele fez de tão importante para ser resgatado do ostracismo para onde havia sido merecidamente mandado? Alguém sabe dizer, sem pesquisar no Google, alguma outra música dele além de “Eu Não Sou Cachorro Não”? Qual a sua importância para a música, de fato, além de entupir o cancioneiro popular com melodias pobres e rimas de gosto duvidoso?

        Ainda se WS fosse o único, vá lá. Mas de coisa de 10 anos pra cá essa onda de ressuscitar velhos bagaceiros da MPB brega tornou-se uma praga. O primeiro, se não me engano, foi Reginaldo Rossi e seu horrendo “Garçom”, que ganhou quilos de versões. Depois veio Odair José com “Pare de Tomar a Pílula”, seguido de Cauby Peixoto - com direito a um fracassado musical produzido por Diogo Vilela. Mais recentemente, Ronnie Von teve discos de sua fase “psicodélica” relançados e foi homenageado em um tributo de bandinha desconhecidas. Agora, Waldick Soriano. Não vai demorar muito para regurgitarem Wanderley Cardoso e Simonal.

        Esses movimentos de volta à vida sinceramente me chateiam. Primeiro, porque parece que nada do que é feito hoje presta, necessitando-se, então, de resgatar o que era feito antes. Porém, esse resgate normalmente é acompanhado de uma idolatria burra, um douramento inútil de uma pílula que nunca foi lá essas coisas. Essa turma caiu no esquecimento porque não tinha nenhum tipo de relevância, seja artística, seja comercial. Prova disso é que suas segundas vidas não duraram mais que uma temporada.

        Concordo que há muita porcaria sendo feita atualmente e muito pouco se aproveita, mas revirar a lata de lixo não resolve muito, concordam? Que tal olhar para frente e buscar novos caminhos? Esquecer de uma vez estes esqueletos e provar que o brasileiro, ao contrário do que ouvia, não sofre de falta de memória. Ele tem é memória seletiva. Como eu aprendi a ter.

          quinta-feira, setembro 06, 2007

          Toda a diferença


            É... O lance é mesmo tocar na novela das 8

            Grunfs!

          terça-feira, setembro 04, 2007

          Clichê


            "Celebridade" gostosa semi-nua com o corpo pintado na capa...





            ... e pensar que a Rolling Stone já foi sinônimo de ousadia.

            sábado, setembro 01, 2007

            Problemas







              Se eu tivesse que responder, num questionário qualquer, o que aprendi nestes cinco anos de jornalismo - cinco anos enfiado dentro de uma redação de jornal de interior - eu responderia como o Mr. Wolfe, personagem de Harvey Keitel em "Pulp Fiction", quando chega até a casa onde está um cadáver para ser desovado: eu resolvo problemas. É isso. Sou especialista em resolver problemas. Porque se tem uma coisa que sai pelo ladrão no tipo de lugar onde aprendi a trabalhar, é problema.

              Passo a maior parte do meu tempo resolvendo problemas. Meus e das outras pessoas. E acabei me convencendo que sou realmente bom nisso. Tanto que fui promovido a editor com meros 2 anos de casa e 1 e meio de formação. Entendam que, num jornal como o que trabalho, o trabalho de um editor é medido pela capacidade dele de resolver... problemas. Não porque é de fato excepcional na área onde vai atuar ou coisa do tipo. Isso ajuda, mas não é o principal. O que conta mesmo é sua habilidade em fatiar pepinos, descascar abacaxis, enfim.

              Talvez por isso, nunca vá trabalhar numa Folha de S. Paulo, por exemplo. Ou seja contratado pela Rolling Stone. Não tenho a inclinação (afetação?) necessária para ser o sujeito que precisam. Nunca fui para fora do País, meu inglês é macarrônico, não gasto mais do que 15 minutos do meu dia tentando descobrir a origem do som da última bandinha do norte da Escócia estampada na capa de algum grande caderno de cultura, não tenho um I-Pod e sou heterossexual por opção.

              Mas sou capaz de virar um jornal inteiro nas costas. Da portaria à entrega, nada me é estranho. Houve um tempo que via demérito e até com ingratidão essa estranha sina. Para o bem ou para o mau, me formei na escola da vida. E os professores que lecionam nela não costumam amaciar. Por isso, é natural o aluno, quando se forma, apresentar calosidades nos lugares mais insuspeitos. O resultado é este diálogo, que tive hoje com uma repórter.

              - Querida, vem cá. Vamos conversar. Você gosta de escrever?

              - Ah, gosto.

              - Então porque não aprende?

              - Ai, tava ruim a minha matéria?

              - Puta que pariu! Ruim? Tive que reescrever ela inteira! Na verdade, nem deveria publicar. Mas não sou louco de derrubar trinta centímetros de texto numa sexta-feira. Aí eu ia me fodê, né?

              - Mas o que tinha de tão errado?

              - Tudo, bicho! Apuração, contextualização, fontes... até conjugação de verbo tava errada! Ah, tenha dó, filha!

              - Ai, mas eu tinha 9 pautas hoje, não tinha como fazer melhor. E outra, não tem telefone pra todo mundo, eu precisei esperar meia hora pra poder ligar para o...

              - Ah, não, não vem com essa. O que o telefone tem a ver com a sua incapacidade de combinar sujeito e verbo?

              - É que tem muita coisa, e aí eu preciso escrever rápido, porque...

              - Filhona, acorda! Escrever rápido é item de série. Não é mérito algum. É obrigação, esqueceu que o jornal é diário? O problema não é tempo, é você. Tá no lugar errado. Vai ser assessora de órgão público, sei lá.

              - Tá bom, então. É o que você acha? Tá bom, então.

              E saiu chorando pelo corredor. Aí fiquei naquela sala ridiculamente gelada e iluminada pensando que se tivesse acertado um soco no nariz dela, doeria menos. Mas não tem como saber do que as pessoas são feitas até chegarmos bem perto e experimentarmos. E então acabo me comportando como um tubarão branco, que morde para saber se aquela coisa boiando na superfície é um tronco ou uma foca. O problema é que depois da mordida, seja um tronco ou uma foca, sobra pouca coisa. Mas esse é só mais um problema...