I'm Winston Wolfe. I solve problems.

sábado, setembro 30, 2006

Homem de poucas posses


    - Bandeira preta dos Doors amarrotada
    - Figuras de ação do Kiss e Spawn
    - Dúzias de Trip
    - Um incensário de bambu
    - Panô de Shiva
    - Lanterna
    - Par de coturnos

quinta-feira, setembro 28, 2006

Is this it


    Enquanto todo mundo queria ganhar um carro quando fizesse 18 anos, eu só pensava em sair da casa dos meus pais. Agora, passados alguns anos - não muitos, mas mais do que eu gostaria - mimos e pertences extraviados de uma forma geral podem ser enviados para outro endereço. Rua Porto Rico 124, apê 5, na Morada do Sol. Perifa árida e barulhenta de Americana. Junto meus livros, discos e carnês das Casas Bahia com aquela que me faz querer ser alguém melhor - ou seja, ela me obriga a passar fio-dental após todas as refeições, incluindo a cervejinha com picles após o expediente.

terça-feira, setembro 26, 2006

7 de setembro


    Me fodi. Quatro anos e uma eleição municipal acumulada depois, tenho certeza que me fodi. Mas ao contrário de muitos dos meus iguais, não quero anular meu voto. Nem votar "em quem tem chance". Nas duas vezes que compareci as urnas elegi os vencedores: um presidente joão-sem-braço e um prefeito sem culhões. Belo currículo, hein?
    Pelo que me lembro, essa história de "não jogar o voto fora" foi idéia do Covas na campanha contra a Marta. Bela estratégia a dele. Foi direto no ponto que mais dói no brasileiro, a falta de auto-estima, o estigma de perdedor, a aura de mártir, a eterna vítima das adversidades, o sertanejo que é antes de tudo um forte mesmo que famélico. E lá foi o tucanão governar por mais alguns anos – embora não todos que gostaria.
    Neguinho é tão obcecado em ganhar alguma coisa (loteria, bingo, rifa, dois ou um, par ou ímpar, até resfriado), imerso na sua pequenez cotidiana, que sequer repara na besteira que está fazendo. À merda com tudo isso. À merda com as pesquisas, com o horário eleitoral e a boca-de-urna. Vou votar em quem eu quiser, seja ele favorito ou não. E seja qualquer for o eleito, vou cobrar da mesma forma.

sábado, setembro 23, 2006

Cria do inferno


    Você tem menos de 30 anos? Então você curtiu Iron Maiden. Arrisco dizer até que comprou aquelas camisetas pretas de malha vagabunda com algum Eddie mal e porcamente estampado nela. E chacoalhou a cabeça quando ouvia os primeiro acordes de "Be Quick or Be Dead". E, claro, decorou os versos iniciais de "The Number of The Beast". Era legal. De tão surreal que era.

    Mas coisas legais não duram para sempre. E o próprio Iron é prova disso. Vive repetindo sua fórmula por década a fio, num misto de "em time que está ganhando não se mexe" com "a gente só sabe fazer isso, oras!". E o pior é que tem dado certo. Pelo menos em países subdesenvolvidos como o nosso, onde a Donzela lota estádio com a mesma rapidez que os acordes de Steve Harris.

    Por falar em Harris, ele é a razão de ser desse post. O sujeito que adora usar calças de couro quatro números menor, tem uma filha. Chama-se Lauren.

    Olha a filha do homem aí


            Legal, né? E ela, claro, tem uma banda, a Lauden, fusão perniciosa de Lauren com Maiden. Sacaram? Sacaram? É... marqueteira a garouta. E não é só. Com as costas quentes, aproveitou para descolar um boquinha pela porta da frente do showbizz abrindo os shows do grupo do papai.

            "Há", penso eu, "se a filha do Steve Harris monta uma banda, só pode ser uma banda de metal!". E lá me vou ouvir a dita cuja no My Space. Aqui ó.

            Ouviu? Então notou que ela segue a mesmíssima cartilha das musas teens norte-americanas do momento, como Kelly Clarkson, Jessica e Ashley Simpson, enfim. Um pop-chiclete grudento e sem a menor personalidade. Chato.

            Mas até aí tudo bem. Ela tem uma banda e toca o que quiser. Agora, imagina você, fã japonês do Iron Maiden, tendo que aguentar 40 minutos dessa ladainha antes de ouvir "2 Minutes to Midnigth"? É dose, hein? Porque se tem um tipo de ouvinte que é xiita até o talo com o que ouve é o que presta homenagens ao Deus Metal. Fã de metal só gosta de metal e ponto final (rimou!). Que o diga Carlinhos Brown...

            A garota é bonita (para os meus padrões, claro...), cheia de curvas, mas não serve pra abrir um show do Iron Maiden! Porque fã de metal gosta mesmo é dever um monte de macho peludo no palco fazendo ventilador com a cabeleira, oras!
                      Por isso acho, sinceramente, que ela deveria seguir os passos de outras filhas de grandes nomes da música (!). Olha, por exemplo, a Elizabeth Jagger, que dispensa apresentações. Ou mesmo a Liv Tyler, herdeira do vocalista do Aerosmith. Bem mais legal e honesto.
                                            É ou não é?

                                        sexta-feira, setembro 22, 2006

                                        Cinema mudo


                                          Minha coluna de cinema de hoje, como deveria ter saído...

                                          "A gente não engole tudo o que mastiga", diria BNegão. E ele está certo. Às vezes, o sabor não é condizente com a promessa e aí é melhor botar pra fora mesmo. Pode parecer realmente bom, mas só colocando na boca para saber. Lembra do comercial que dizia "Se o gosto é bom, a coisa é boa"? Pois é, nem sempre é assim. Principalmente quando se trata de cultura, um verdadeiro oceano de (dis)sabores. E quem sabe (ou pode) degustá-los da forma mais adequada, ou mesmo correta? Eu arrisco dizer que é aquele que mais se lambuza de tudo o que encontra pela frente. É preciso provar de algo para poder julgar, com propriedade, se é bom ou ruim.
                                          Logo, quanto mais se prova, mais conhecimento se tem. Não posso opinar sobre um filme de Orson Welles se nunca assisti a nenhuma obra do criador de "Cidadão Kane". Permito-me, no máximo, um comentário frívolo, descartável. Mas é possível, tendo assistido a obra-prima de Welles ou qualquer outro pilar do cinema mundial, sentar-me confortavelmente em uma sala escura e não torcer o nariz para, por exemplo, "Serpentes a Bordo"? Não estou comparando um filme com outro, mas sim afirmando que, de posse de conhecimento acumulado ao longo de uma vida dedicada a filmes (ou qualquer outra forma de produção cultural) não posso/consigo/quero ficar indiferente ao que vejo.
                                          O colunista Luiz Biajoni, em sua última coluna, me tacha de chato e irritante por buscar sempre o novo. Fico lisongeado por também me considerar um intelectual – rótulo que nem de longe me serve – mas ele erra ao questionar se os dito cujos, apesar de saberem o que é bom, têm gosto. Ora, conspícuo mestre, gosto não se discute. O que eu ou você ou o presidente da Câmara de Oriximiná do Sul gostam não faz a menor diferença. "A minha opinião, e a opinião dos especialistas, ainda assim, é só opinião", categorizou Millôr. Sugerir que se assista a um filme, ouvir uma música ou ler um livro como se estivesse fazendo isso pela primeira vez na vida é impossível. Porque a partir do momento que se trava contato com qualquer tipo de produção cultural, cria-se automaticamente uma consciência crítica que passa a ser usada como parâmetro para tudo. Quanto melhor for sua bagagem, mais chato você vai ser. Um garoto de 15 anos, que só assistiu a blockbusters hollywoodianos direcionados para sua faixa etária deve adorar "Miami Vice". Já alguém com um pouco mais de idade e que foi alimentado com clássicos hollywoodianos da década de 50 e 60 certamente não ficará na sala até o final – isso se entrar em uma.
                                          Não é uma questão de comparação direta. Não vou colocar na mesma baia o humor refinado e inteligente da trupe inglesa do Monty Phyton e a comédia fácil e grosseira dos irmãos Wayans. O que não me impede de, numa tarde de domingo, pegar uma matinê para desopilar o fígado de tanto gargalhar com as piadas escrotas e non-senses destes últimos. Só não posso me esquecer de colocá-los onde merecem.

                                        quarta-feira, setembro 20, 2006

                                        Enquete


                                          O que é pior:

                                          a) O barulho da broca do dentista

                                          b) Aquele jato de ar que ele joga pra saber onde tem cárie

                                          c) O efeito prolongado da anestesia que te faz morder, sem notar, todo o interior da boca

                                        terça-feira, setembro 19, 2006

                                        Amigo pra caralho


                                          O Bia me sacaneou hoje dentro dos meus próprios domínios.

                                          Prepara-te, cabrón...

                                        segunda-feira, setembro 18, 2006

                                        Em defesa do papai-e-mamãe


                                          Então fica assim. O sexo é o assunto predominante. E ninguém quer ficar de fora. Pelo menos não por muito tempo. Cada qual tentando ser mais inacreditavelmente pervertido, inalcançavelmente incansável, absurdamente sexual (esqueça o sensual), dono da maior ereção da roda. Porque o que importa é o caminhão de orgasmos que a garota grita durante a sessão, e dane-se se o que ela queria mesmo era pegar um cineminha. Porque cinema, só que fora daquele que as falas são resumidas a "Ohhhh" e "Ahhhh". E aí do sujeito que gozar antes da quinta posição antes do chuveiro.

                                          É preciso querer tudo e sempre mais. Não se contentar em dormir de conchinha numa noite fria. Porque o simples encostar de epidermes é motivo mais que suficiente para mandar ver por horas. Eu disse horas, porque essa coisa de "ai, meu bem, desculpa, mas eu não agüentava mais prender" é coisa de gente frouxa. Tem que segurar o mastro levantado durante todas as preliminares, que devem incluir a maior gama possível de acessórios e repertório. E não pode repetir o falatório quando estiver lá engatado. Chamou de cadela uma vez, esqueça. Pediu para ser fodida, um abraço. Não pode falar de novo, então trate de devorar um dicionário de termos para quando os zoínhos começarem a virar. E vão virar pacas. Contadas as dúzias, como se colocassem ovos dentro da embalagem de papelão com serragem.

                                          E tome estimulante por todos os buracos do corpo, como um bando de fardados malucos marchando frenéticos avenida abaixo durante o sete de setembro. Transpirando, bufando a ópera ridícula dos sentidos entorpecidos, da carne sendo esfolada pela obrigação insana de mais e mais e cada vez mais até a TV dizer chega. Ejacular baldes de sêmen por todo corpo, sim, porque é assim que se faz, abre a boca vagaba e toma o suco do seu macho, é, engole tudo, isso, hum, isso, hum. Ou você quer parecer careta, frígida, quadrada. Por acaso dorme no mesmo quarto que os pais? Tá com vergonha? Não pode ter vergonha, medo, satisfação, tesão acumulado, falta de vontade, sono, unha encrava, porque tem um monte de gente aí querendo, então trate de botar isso aí pra funcionar. Tem que fazer Sade parecer um colegial.

                                          O que? Menos de quatro variações? Qualé, tá me achando com cara de que? Da sua mãe, aquela coitada que pariu meia dúzia de iguais a você que ficam agora ai regulando essa carne mal azeitada? Toda hora é hora e todo lugar é lugar. O cio é coisa de bicho, o lance é a paudurescência eterna para ambos, um jardim de delícias inconciliáveis como querer e poder. Inibição é para os sujeitos de chapéu de feltro e luvas de veludo, a gente quer mesmo é a esbórnia eterna. Absoluta, total e irrestrita. Ninguém mais tem sexo, o que vale é fazer sexo.

                                          Romantismo de cu é rola e ta sentado nos bancos escolares burgueses. Vale é a repetição do moto perpétuo, inconsciente e acelerado, insano, quase um ataque cardíaco cada vez mais iminente. O rubor surge mesmo quando se diz que ah, ontem a gente só dançou abraçadinho aquela do Neil Sedaka e foi pra cama pra poder acordar cedo e caminhar no calçadão. Nada de substâncias, nada de substancioso, apenas o bom e velho amor. Aquele feito de levinho, em meio a risadinhas e carícias, cheirando a hidratante pós-banho e condicionador, lençóis limpos, juras impossíveis e absurdas, quente e úmido, macio e confortável, seguro como gostamos de acreditar que era nos tempos dos nossos avós. O colchão sequer range. E no final, nem sede dá. Apenas o gosto das salivas misturadas e nada mais.

                                          Agora dá licença que eu vou lá pra trás brochar. Eu mereço.

                                        Comeram a Cicarelli!


                                          Tomara que o pau desse FDP caia...

                                          Humpft!

                                        sexta-feira, setembro 15, 2006

                                        O cru e o cozido



                                          - Tu gostou de mim na minha pior fase, né?
                                          Ela abre um sorriso tímido. Cerra os olhos em interrogação.
                                          - Como assim, na sua pior fase?
                                          Ele se endireita.
                                          - Ah, naquela época eu era bem estragado, pô. A cara cheia de espinha, o cabelinho repartidinho para o lado, não sabia combinar roupa. Lembra, eu usava a camisa por dentro da calça e a calça, putz, quase no umbigo. Fora os óculos de aro dourado.
                                          Ela estala a língua. O sorriso se transforma num simples risco entre os lábios. Ajeita o cabelo para trás da orelha esquerda. Nada diz. Ele continua.
                                          - Hoje não, né? Cresci, dei uma encorpada, minha pele melhorou, tenho esse cabelo legal - chacoalha o rabo-de-cavalo - tenho meu próprio carro, grana, e, modéstia a parte, fiquei muito bom de cama. Lembra quando começamos? Putz, eu devia ser horrível, todo ansioso e tal.
                                          Ele dá uma risadinha nervosa. Ela tenta um sorriso. Abaixa os olhos fingindo procurar alguma coisa no chão. Levanta a cabeça e o fita.
                                          - Prefiro você antes, sabia?
                                          Ele força um riso.
                                          - Por que?
                                          Ela responde, soltando a respiração de leve, mexendo pouco os lábios.
                                          - Porque você podia ser só um moleque, durango, até meio feio e desengonçado, mas era tão mais legal. Não que hoje você não seja, mas antes era mais, ai, espontâneo, sabe? Inocente. Você era legal por ser legal. Não para comer alguém ou algo do tipo.
                                          Ele emudece. Os olhos vidram nela. Sente as mãos suarem. Sabia que aquilo não daria certo.
                                          - E porque você acha isso?
                                          Ela toma novo fôlego.
                                          - Dá pra perceber, ué. Gostei de você no meio de todos os seus amigos bem mais bonitos que você porque era especial. Tinha um jeito de se destacar que eles não tinham. Era amável, carinhoso, carente até, e sabia escrever poesia. Era de uma tristeza bonita, sabe, desarmada. Hoje não. Hoje você parece magoado, sempre pronto para reagir. Sempre julgando, apontando o dedo, dono da verdade.
                                          Ele engole em seco. Ela continua.
                                          - Não sei se porque éramos muito novos e não conhecíamos muita coisa sobre tudo e então tudo era novidade, e agora, sei lá, você é todo cheio de si. Não discuto que está melhor, mas melhor em que? Em magoar as pessoas? Em mentir? Em ser egoísta? Isso é ficar melhor? E aí você vem e critíca o meu gosto musical, minha família, cheio de sarcasmo, como se só você entendesse a piada. O que você ganha com isso?
                                          Ele já não absorve mais, está em modo de auto-defesa. Rebate de pronto.
                                          - Eu me basto. Ao contrário de antes, que vivia choramingando pelos cantos por causa de qualquer garotinha, hoje eu posso escolher. Não preciso mais citar versos da Legião.
                                          Ela altera a voz. Dispara, interrompendo.
                                          - E acha isso bom? Acha que não precisa de ninguém? Vai ficar escolhendo até quando? Você não faz idéia do quanto me machucou. As coisas que fiquei sabendo depois, nossa, só pioraram tudo. Eu te odiei mais do que tudo no mundo, porque acreditei em você, no que você me falou e escreveu. Sabe, não precisava ter sido daquele jeito. Eu era apaixonada por você, faria qualquer coisa por você e você sabe disso.
                                          Ele sente que não pode ganhar. Engole seco novamente. Ela não dá trégua.
                                          - Foi difícil te esquecer. Mas hoje, vejo que não perdi nada. Aquela arrogância que era até engraçada, porque não tinha fundamento, ficou séria. Tem dinheiro, tá, e daí? Acha que só isso basta? Então você não sabe nada da vida. Não sabe nada de amar e de sofrer, de se entregar a alguém total e cegamente. Porque só quer saber o que se passa abaixo da sua cintura, só isso te interessa.
                                          Ela pára. Os olhos estão duros. As mãos param de chacoalhar. Ele a fita, a boca retorcida num gesto de conformismo covarde. Foi pior do que imaginou.
                                          - Eu não sou esse monstro, tá?
                                          Ela abaixa a voz. Alisa os cabelos para trás.
                                          - Você deixou que aquele moleque feio tomasse conta de você. Tá tudo invertido. O que era bonito foi pra fora, e o pior entrou pra dentro. Quer descontar no mundo uma culpa que ele não tem. Você sofreu? E quem não sofreu quando era adolescente? Vai ficar se fazendo de vítima atrás dessa pose toda? Sabe, parece que você vive apenas para provar para o mundo que ele estava errado, que hoje você é melhor que antes e que as pessoas precisam te admirar por isso. Elas vão te admirar pelo ombro sincero que você oferecer à elas, e não pelo tamanho do seu pau.
                                          Ele tenta.
                                          - Eu sou o que sou. E sou feliz assim. Não preciso ficar me...
                                          Ela se altera novamente, rasgando. As mãos voltam a chacoalhar.
                                          - Ótimo, então vai viver sozinho. É isso que você quer? Quer um monte de gente pagando pau pra você sem um motivo de verdade? Porque é isso que você se tornou. Alguém com cada vez menos a oferecer. Ao contrário de antes. Por isso prefiro você antes. Sincero. Puro. Inocente. Entregue. Ah, sei lá. Tá tarde e eu preciso ir embora.
                                          Ela se levanta. Enfia a foto no bolso e sai andando. Ele não esboça movimento. O vento sopra quente e a tarde vai caindo. Sente vontade chorar. Mas não chora. Levanta, bate as mãos na parte de trás da calça e entra no carro. Dirige em silêncio.

                                        quinta-feira, setembro 14, 2006

                                        Beijo


                                          - Me dá um beijo?

                                          - Claro!

                                          - Não, aqui não.

                                          - Então onde?

                                          - No pau.

                                        quarta-feira, setembro 06, 2006

                                        Um mistério chamado Lenine



                                          Não costumo postar minhas colunas do jornal. Na verdade, são os posts que acabam sendo impressos. Mas esta eu preciso colocar, tamanha quantidade de e-mails que recebi sobre a dita cuja...

                                          Existem muitas coisas que eu não entendo. Algumas vezes, por falta de informação. Outras, por limitação intelectual mesmo. Porém, existem casos que desafiam minha perspicácia sobremaneira. Sujeitos que me colocam numa verdadeira sinuca de bico, um beco sem saída, numa situação de desconforto imensa. Assim é toda vez que me deparo com a entidade chamada Lenine.

                                          Este mês o sujeito protagoniza o infame "Acústico MTV", programa cujo formato parece servir ao propósito único de reavivar carreiras falidas, como fez com os Titãs, Capital Inicial e Cássia Eller. Por isso, o cabeludo está onipresente na programação da emissora, sendo entrevistado por todos os VJs da casa e respondendo a perguntas feitas apenas para mantê-lo no ar, do tipo "O que você acha da Shakira dizer que gosta de andar nua pela casa?" ou "Você tem muitos amigos na Rússia, né?". Pura besteira, enfim.

                                          Mas se fosse só isso, tudo bem. A MTV não passa de uma sucursal das grandes gravadoras, vive disso, então não se pode esperar nada diferente dela. Mas não é só a emissora musical. Alguns meses atrás, a Bizz trouxe meia-dúzia de páginas sobre o cantor. Ah, não. Nenhuma revista dedica mais que duas páginas para alguém a não ser que este seja realmente importante. E é ai que me pego a pensar. Qual a importância de Lenine? O que ele representa? Que diferença faz?

                                          Alguém realmente dá atenção para o que ele produz?

                                          Porque eu, sinceramente, não consigo enxergar nada nele ou em sua obra. E olha que eu fiz o sacrifício de ouvir alguns de seus discos e ler a respeito. Lenine veio na esteira da morte de Chico Science e da descoberta da mídia pelo mangue beat, assim como outros conterrâneos do mesmo calibre que o seu, como Chico César, Zeca Balero e Otto. Mas diferente da Nação Zumbi e do Mundo Livre S/A, remanescentes legítimos do movimento e que apresentam propostas musicais inovadoras, Lenine e sua turma fazem um tipo de MPB bunda-mole, calcada em óbvias misturas regionais e letras que mais parecem saídas de um gerador automático de composições. Um tipo de mistura bizarra de Djavan com Dorival Caymmi totalmente dispensável.

                                          E isso me intriga. Não é possível que a mídia dê tanta atenção para alguém que, acredito, não seja um grande vendedor de discos. Isso vai contra os princípios básicos do capitalismo. Não sei qual é o número de vendagem de seus últimos CDs, mas acredito ser insuficiente para lhe garantir tamanha exposição. Então porque insistir num sujeito desse naipe? O que faz sua gravadora gastar dinheiro em novos projetos e divulgação do músico? Se alguém souber, por favor, me responda.

                                        ... e ponto final




                                          Well, I am just a monkey man
                                          I'm glad you are a monkey woman too

                                        Bauru, início dos anos 90, pichação na Rua Manoel dos Santos Quialheiro



                                          "Um beijo de língua
                                          é um beijo fatal
                                          começa na boca
                                          e termina no pau"

                                        segunda-feira, setembro 04, 2006

                                        Take over me


                                        Audioslave lança mais um discaço.

                                        Materinha minha hoje no TD.