I'm Winston Wolfe. I solve problems.

domingo, outubro 30, 2005

Amor versão Strokes

You say you wanna stay by my side
Darlin', your head's not right

sexta-feira, outubro 28, 2005

Crônicas de redação - I

- Putz, que beleza. São 19h e já tô acabando aqui. Vou aproveitar que de quarta-feira o cinema é mais barato e pegar uma sessãozinha.
- Ô, filhão, tem que adiantar a edição desses suplementos ainda hoje, hein? Sexta-feira é feriado e vamos adiantar a programação.
- Eita... bom, pelo menos, saindo umas 21h dá pra passar na locadora e pegar uns filmes.
- Ai, rapaz... você viu quem fez as matérias dos suplementos essa semana?
- Não.
- A repórter nova.
- E...?
- Tu ainda não viu o texto dela, né? Acho que vai dar trabalho...
- Ai, caralho... deixa eu consultar a programação da HBO aqui. Hum, vai passar "Cães de Aluguel" meia-noite. Legal, bicho...
- Alguém sabe onde foi parar o Almeida?
- Ele falou que tava passando mal e precisou dar uma saída. Opa, peraí que é ele aqui no telefone.
- E aí?
- Era ele. Da casa dele. Disse que pegou uma virose e não volta mais hoje.
- Putz, tu vai ter que pegar o trampo dele, então.
- Mas essa merda tá pela metade ainda!
- Ah, bicho, que cê quer que eu faça? Alguém tem que fazer.
- Puta merda. Tô vendo que vou sair no lucro se conseguir ter oito horas de sono...

quinta-feira, outubro 27, 2005

Mamas & Papas

O Bia vai ser pai.

A Karen vai ser mãe.

E a blogosfera inteira pode apadrinhar.

Quem tá dentro?

sábado, outubro 22, 2005

Eu também matei o Bia

- Mestre?

- Sim, pequeno Padawan. O momento chegou. Dissertaste sobre infinita sabedoria da prosa marginal e lírica de Lou Reed. Resfolegaste tua juventude entre coxas suadas de fêmeas despudoras. Desbundaste em orgias gastronômicas em nome de Baco. Devoraste os mistérios infindáveis de minhas palavras impressas em minha novela marrom. Praticaste o título na penumbra e na claridade. Embrenhaste na selva onírica e selvagem de Truffaut, Kubrick e Hitchcock. Penaste em decorar o verbo e particípio futuro da ignorância presente no coração dos homens. Tornaste perdulário com fanfarronices musicais, literais e audiovisuais. Pediste para ir embora enquanto todos se regozijavam da própria sorte. Influiste em processos ilícito para favorecer os mais próximos, mesmo sabendo do preço a ser pago. Conquistaste a alma cândida e inexpugnável da preponderância. Topaste com o infinito e fizeste dele um lar de aço e acalento. Exumiste tua febre de amor e paixão em pálidas nuvens de palavras. Correste para o horizonte como se tua existência disso dependesse. Arrancaste o mármore da infidelidade dos atos divinos das mãos trêmulas do tempo. Contaste os dias e enguliste a ostra que morre antes do sol se pôr. Deitaste com o mar enquanto este ainda era um infante. Perambulaste pelas zonas do pensamento idílico sob pés alados de amadurecimento tardio. Vieste a mim tal o homem nasce. Agora parte para a guerra com a couraça dos destemidos e insanos espartanos.

- Estás pronto, mestre?

- Sempre. No alto dos meus 35 outonos, não tenho mesmo mais o que fazer nessa porra de existência, a não ser entupir meu rabo com conhaque barato e punhetar assistindo a velhas chanchadas da Atlântida. Anda logo, moleque do caralho.

- Então recebe minha espada em teu ventre.

* Tchuft*

- Aaaaaaaahhh.... Fia da puta... gira o cabo para o ar entrar, senão vai dar uma hemorragia, porra! Me mata logo, caralho...

- Tô tentando, cacete, mas a lâmina prendeu. Provavelmente numa dessas enormes pedras de rim que tu tem. Velho de merda...

- Aaaaarrrhhhggg... cacete, tá começando a doer. Tira essa merda da minha barriga e corta meu pescoço

- Toma.

*Tuc*

- Aaaaaai! Não cortou, caralho. Essa merda não tá afiada! Mas como tu é idiota, puta discípulo burro e incompetente que eu fui arrumar...

- Claro que tá afiada, seu babão. É que essa carcaça de elefante velho tua não deixa corta, porra. Já sei, vou meter essa pedra na sua cabeça.

- Nossa, morrer de pedrada. Não acredito que vou morrer com uma pedrada na fuça... puta merda...

*Toc*

- Beu dariz! Beu dariz! Vilho da buta! Queprou o beu dariz! Dão bára de zangrar, borra...

- Ô bicho ruim de matar, credo. Vou ter que arrumar alguma outra coisa. Deixa ver... hum... ah, filhão, fica se esvaindo em sangue aí que é o melhor que tu faz, vai. Eu tou sair fora. Preciso fechar a edição ainda.

- Izo, izo, bai me deijar agui com a borra do dariz zangrando, a parriga aperta e o bescozo vudido? Badawan de merda... Aaaaaaarrrghhh... aaaaarrrgghhh...

- Hum... acho que morreu. De uma vez. É isso. Bão, vou pegar o White Album e o Rock´n´roll Circus. Talvez alguns do Wilco e o quadro do Velvet. O conhaque deixo pro Denão e os tubos de KY pra Carol. É isso. Morreu, filhão.

quarta-feira, outubro 19, 2005

Holocausto

A batalha foi árdua. Em muitos momentos, pensei mesmo em desistir, deixando para outros a abnegada tarefa de colocar Luiz Henrique Biajoni e seu famigerado Sexo Anal em um jornal.

Mas está. Sem um vírgula fora do lugar.

Agora sem falsa modéstia: quantas pessoas vocês conhecem que estampam um título como esse na capa de um caderno de cultura?

sexta-feira, outubro 14, 2005

The doctor in...

Feriado de 12 de outubro. Depois de um longo período sem descanso no jornal, consigo uma folga. Teria um dia inteiro para fazer simplesmente niente. Liguei para minha mão de amigos e convoquei todos para tomar umas e dar risadas.

Era feriado. Era Dia das Crianças. O Leão Lobo estava vestido de criança na TV.

E eu estava com um ouvido tapado.

Um ouvido tapado.

Eu nunca tinha ficado com um ouvido tapado antes. Nem sabia como era a sensação de ter um ouvido tapado. Mas assim estava desde o dia anterior quando, ao sair do banho, senti o já explicitado orifício entupir e assim ficar durante todo o dia.

Não. Ninguém sabe o que é ficar meio surdo um dia inteiro dentro de uma redação de jornal. Agora eu sei. E vou recomendar para os meios melhores inimigos, podem ter certeza.

Meu pai tem isso direto. O caso dele é quase crônico. Diz o sagitariano que desde a lua de mel com minha mãe ele sofre do mal do ouvido tapado. "É como ficar com uma vareta enfiada no rabo", comparou. Bom, não posso confirmar tal analogia, pois nunca tive uma vareta enfiada no rabo. Mas digo que é como um cisco pérpetuo nos olhos.

E isso me incomodava.

Fui ao médico. Num hospital de convênio. "Vão passar um rotoruter no meu ouvido e sairei limpo daqui", imaginei. Na minha vez, o médio me examina e diz que o ouvido tá entupido de cera. E completa que preciso amolecer a dita cuja para poder voltar a ouvir.

Tóim!

Biduzão. Quase pedi para ele seis dezenas pra jogar na mega sena.

Saio ainda mais mal humorado do hospital. Acordo no feriado e o ouvido ainda está tampado. Vou reclamar com meu pai, homem prático, formado nos canaviais de Rio das Pedras e no Senai de Limeira, afeito a soluções rápidas e efetivas.

"Ó. Eu cansei de ir no otorrino e tomar água quente na orelha. Até sangue sai. Tem um jeito melhor", elucidonou-me papai. Ele continua que, num belo dia, irritado com o não funcionamento de práxi de um dos ouvidos, num lapso de desespero, enfiou a mangueira de testar hidrovácuo no pavilhão auditivo e... puf! Fez o som.

Agora uma breve explicação. Meu pai tem uma autopeça e oficina mecânica. Lá, há uma máquina composta por um motor que, ligado, gera vácuo através de uma mangueira. É utilizada para testar determinados tipos de componentes do sistema de freio automotivo. Tipo um aspirador de pó, só que menos potente. A mangueira, quando conectada e vedada, suga o ar formando uma câmara de vácuo no local desejado.

No caso dele, o ouvido.

Com a pressão exercida pelo vácuo, a camada de cera que tapava ouvido é aberta.

"Demorou. Vamo lá", senteciei, com a determinação dos que não tem nada a perder.

Fui, meti a mangueira no ouvido e liguei o motor. Plóp! Os rouxinóis gorgorejavam. Os grilos cri-cri-crizavam. A vida voltava a ter som.

Contei a peripécia a todos, que indignados ficaram. "Vai foder seu ouvido", foi o que mais ouvi. Mas ouvi.

terça-feira, outubro 11, 2005

Uoba! Uoba!

Quando Roger Moreira escreveu a letra de "Terceiro", ele devia estar numa fase muito inspirada. Conheço pouquíssimas pessoas que se não se preocupam em não se destacarem no que fazem. Eu sou uma delas.

Cago e ando para a competição. Talvez por isso sempre tenha me mantido afastado de práticas esportivas. E olha que eu tentei. Por mais de uma vez, até. Mas era sempre a mesma coisa.

Aos 13 anos, entrei numa escolinha de futebol e, depois de uma semana de bate-bola descompromissado, a insanidade começava a ser insuflada pelo treinador. Como um general facista, cupia para correr, marcar, chegar junto, avançar, voltar, marcar de novo, e bater, tentando transformar um bando de pernetas em cãe de guerra sanguinários. Cadê o espírito esportivo? A diversão saudável e descompromissada? A camaradagem? O companheirismo? Tinha ido embora na botinada que havia levado de um garoto do meu próprio time depois que errei um passe. Ele estava crente que seria o novo Raí. Hoje é empacotador de supermercado. O garoto, não o Raí.

Então entrei numa academia de karatê. Eu, que sempre fui um bundão assumido, preferindo a palavra à espada, fiquei horrorizado. Bater e apanhar não era comigo, definitivamente. Mesmo assim, fui até faixa azul. Grande coisa.

Anos mais tarde, aos 15, me matriculei para fazer natação. "Esporte completo", diziam em uníssono. "Abre os pulmões, define os músculos, melhora o condicionamento", replicavam, quase a ponto de salvaguardarem que, apesar de minha pouca idade, a natação me daria ereções perpétuas. Três dias e alguns caldos depois, a academia começa uma semana de competições internas, do tipo "turma da tarde" contra a "turma da manhã". Os professores de ambos os períodos incitavam a rivalidade. "Vamos deixar ele ganharem da gente?", perguntavam, já esperando um desafinado "Não!", seguido de alguns palavrões. Na água, neguinho tinha quase um ataque cardíaco para conseguir chegar na frente. A pá de cal veio quando a instrutora disse que eu precisava melhorar minha braçada, fechar mais a curvatura do braço e treinar melhor minha virada olímpica. Num ato desespero impensado, balbuciei: "sabe, eu não quero competir, não. Só quero nadar". O apito caiu da boca da garota, que soltou um "ah..." e virou-se para nunca mais me dirigir a palavra. Era o fim.

Quase dez anos depois resolvi malhar. Com o término da faculdade, tinha tempo de sobra. "Hora de cuidar do corpo", pensei, no alto dos meus 60kg distribuídos em pouco mais de 1,75 metros. Na academia, me senti no paraíso dos idiotas. O que reforçou minha tese de que aquilo não poderia fazer bem para mim, mas não custava tentar. Afinal, já tinha tentado de tudo, não custava nada. Mas custou e pedi a conta quando, na segunda semana, um sujeitinho chegou com uma fita métrica para medir meu bíceps. "Vamos ver a quantas anda essa muxibinha aí, querido", regurgitou o esteriótipo de tudo aquilo que mais abomino na face da Terra. "Pra quê?", retruquei. "Pra saber se está dando resultado. Aí aumentamos a carga", respondeu, como se ensinasse a Teoria da Relatividade para um chimanzé. Disse que não precisava, que meu lance alí era apenas puxar uns ferros para transpirar um pouco, manter a barriga no lugar e só. Ele, claro, não gostou e, como a professora de natação, não quis mais saber de mim. "Caso perdido", deve ter pensado. Ainda assim continuei por lá mais um mês. Mas ver todos os dias sujeitos se comendo em frente a um espelho, piranhas da idade da minha mãe pagando de gatinhas com os instrutores e, pior, ouvir insuportáveis "Aaaaff!", "Uuuuff!" e "Gaaac!" sempre que alguém erguia ou abaixava quase uma tonelada de ferro fundido foi demais pra minha cabeça cabeluda.

Dei as contas para o esporte, o físico e o escambau.

A barriga de chopp, claro, veio e se instalou. Mas é até simpática e, se preciso for, consigo encolhe-la e disfarçar bem. Claro que isso um monte de gente também faz. Ainda bem. Assim, ninguém me acusa de querer ser o melhor em alguma coisa.

Ói, que legal...

... essa animação do blog da Luz de Luma aí do lado? Consegui através da Simy. É tudo o que eu queria fazer se entendesse um pouco de animação. Ou se tivesse algum talento, quem sabe...

sábado, outubro 08, 2005

Planta

Acontece de repente. É algo meio inesperado, tipo a primeira menstruação ou a primeira vez que você ejacula: sabe que mais dia menos dia iria acontecer, mas, quando acontece, putz, assusta pacas.

Amadurecer é mais ou menos assim.

E acredito que o amadurecimento - de caráter, principalmente - está intrinsecamente ligado a carga de responsabilidade que se carrega. Quanto mais se é responsável, mais maduro se torna. E quanto mais maduro se torna, menos tolerância passa a sustentar.

O reflexo disso é sentido principalmente nos relacionamentos pessoais. O número de amigos diminui. Gente que era vista como tótem hoje não passa de graveto. E não há crueldade ou ingratidão nisso. Apenas falta de tolerância e aumento de auto-confiança, que resultam num afunilamento do crivo para este fim.

Isso parece inevitável.

Coisas que antes eram objetivo de largas conjecturas e noites sem dormir, agora são resolvidas num tapa. Pequenas bobagens são identificadas rapidamente e despachadas da mesma forma. Tornar-se responsável por algo maior que o próprio umbigo é desenvolver uma visão de prioridades. A própria noção de tempo passa a ser outra, porque ele se torna cada vez mais escasso. Logo, perde-lo em ações, situações ou pessoas que merecem no máximo um aceno de cabeça não pode ser tolerado.

Porém, a falta de tolerância não significa falta de paciência, brutalidade ou ignorância. A paciência, pelo contrário, é uma virtude que deve ser reforçada e trabalhada de maneira benéfica.

A tolêrância corrói a capacidade de amar de verdade. Tolerar não é amar, é penalizar o próximo. É mantê-lo em sua imaturidade, privando-o de um mundo que só se descortina quando se sente os prazeres e desgostos da responsabilidade plena.

Maduro, não se tolera.

Se ama ou se odeia.

Para-se de viver de migalhas e parte em de um belo pedaço com recheio e cobertura.

Ergue-se a cabeça para apanhar na cara, e não na nuca.

Chora-se uma partida, mas não uma perda.

quinta-feira, outubro 06, 2005

Nos anais do pop

O Bia é pop.

E ganhou coluna na Antena 1.

Prestigiem nosso Dapieve, pô!

segunda-feira, outubro 03, 2005

Pólvora

Fecho com o Matias. Vou votar "Sim" no dia 23.

Por ser pacifista.

Bunda-mole.

Acreditar em estatísticas.

Simpatizar com a Trip.

Antipatizar com a Veja.

Ter o John Lennon como Beatle favorito.

Música para corações em fúria

Digital Bath, dos Deftones.

sábado, outubro 01, 2005

O baixista não come ninguém

- Beleza. O repertório vai ser hard rock anos 60 e 70, certo?
- Pode crer. Acrescenta um pouco de psicodelia com um pandeiro em forma de meia lua. Eu assumo os vocais, já que meus cabelos parecem com os do Mick Jagger na época da majestade satânica.
- Certo, então eu toco guitarra. Consegui solar ontem Stairway to Heaven do começo ao fim.
- Praticamente um Jimmy Page cover...
- Quem assume as baquetas?
- Eu, que sou o mais gordo. Baterista que se preza é gordo. Ou pelo menos o mais gordo do grupo. Se bem que gordo é uma palavra um tanto pejorativa. Na verdade, o baterista é o mais forte, o mais braçudo da banda. Então sou eu mesmo.
- Tu já tem bateria?
- Não, mas consigo uma.
- Peraí. Só sobrou o baixo? Ah, não, nem fudendo. Não vou ser o baixista.
- Porque? É o instrumento mais fácil de tocar, nem precisa de muito tutano. É só ficar num canto, com pose de introspectivo, tipo o John Paul Jones, mexendo nas cordas. Ainda se fossemos uma banda de metal progressivo...
- Não, pô! O baixista não come ninguém, vocês sabem disso! É o mais otário, o que sempre fica com as piores groupies. Não, nem vem, não quero ser o baixista.
- Ah, qual é! Pra sua informação, um dos maiores comedores do rock é o Gene Simmons, baixista do Kiss. Ele até lançou um livro contando os casos dele e tal.
- Putz, nada a ver. O cara é o maior nada a ver, o maior cascateiro. Com aquela cara nem a minha prima de Nhandeara dava pra ele.
- Tem o Paul também. O que seria dos Beatles sem o olhar de bagre morto do Paul? E ele era baixista.
- E quem se importa com o Paul? Ele só conseguiu ser menos insignificante que o Ringo. Mas aí também já é chutar cachorro morto. Fora que ele casou com a primeira namoradinha dele ou algo assim. Não, nem a pau, não quero ficar com o baixo.
- Ah, cara, qual é, faz um esforço. Ó, tem o Flea, que é baixista dos Chilli Peppers! O cara é totalmente pirado e a mulherada adora ele!
- Claro, depois do Anthony Kiedis e do Frusciante! Meu, já falei que não quero o baixo.
- Então fica com o pandeiro em forma de meia lua.
- Não, pra isso a gente precisa colocar uma riponga gostosa. Uma não, várias, tipo as GTOs do Zappa. Cada uma com um pandeiro em forma de meia lua, chocalho, uns lances assim.
- É, só sobrou o baixo mesmo. Vamos lá, cara, para de pensar um pouco em mulher e se concentra na música. É por isso que estamos montando uma banda. Pela música. Só ela importa. Ela e seu enorme poder de mudar as mentes de milhares de...
- Putz, cala a boca, cara. Quem tá interessado em música aqui? O lance é fazer um som pra mulherada cair em cima e a gente se dar bem. Corta esse papo de colunista bicha de caderno de cultura...
- Aí, lembrei de outro baixista que, além de tocar, é o vocalista, letrista, e dono da banda! O Humberto Gessinger!
- Nossa, conseguiu piorar tudo. Nem na próxima encarnação vou conseguir fazer umas letras como a dele. Nem uma música tão ruim.
- Tem o Sid Vicious, cara! Quer sujeito mais atitude que ele? E era o baixista!
- É, cheio de atitude e burrice. Enfiou o pé na jaca e morreu. Grande coisa.
- Quem é o baixista do Dream Theater?
- Por esse nem eu me interesso. Não somos uma banda de progressivo, cara, esquece isso. Não vou querer solos de quarenta minutos.
- Então, tão vendo? O baixista é o sujeito mais insignificante da banda! Os Stones nem tinham um baixista fixo. De tão inútil, os White Stripes tiraram e ninguém sentiu falta. O Krist Novoselic não emplacou nada depois que saiu do Nirvana. E os Mutantes acabaram logo que o Liminha entrou para tocar baixo. Então podem parar de tentar me convencer.
- Beleza, então tu tá fora. Pronto, era o que queria?
- Ah, nada mais clássico. Quando aperta uma crise, sacam logo fora o baixista. Não podia esperar nada diferente de vocês. Passem bem.
- Pô, cara, não fomos muito duros com ele? Era só o baixista, não fazia mal algum.
- Conhece aquela história, né? Todo baixista é um guitarrista frustrado.
- E não come ninguém.
- E quem vai dar o grave pra música?
- Coloca um teclado no fundo. Ninguém vai perceber. Tu manja tocar teclado?
- Não. E mesmo se soubesse, não iria tocar. Se o baixista não come ninguém, o que dirá do tecladista. É só olhar o Roupa Nova, que tem dois tecladistas...
- Putz, nem me fale.
- Deixa sem baixo então.
- Por mim tudo bem.
- Não que vá sobrar mais mulher por isso...